Cirurgia Bariátrica, Metabólica ou da Obesidade

Cirurgia Bariátrica e Metabólica

 A cirurgia bariátrica é uma intervenção no tubo digestivo que tem como finalidade tratar a obesidade e, consequentemente, diminuir a morbi-mortalidade através do controle das doenças associadas e perda de peso. A cirurgia metabólica é o procedimento cirúrgico no trato digestivo cuja finalidade é o controle do diabetes mellitus tipo 2, através de mecanismos independentes da perda de peso e, secundariamente, pela perda do excesso de peso.

Indicações de tratamento cirúrgico

A cirurgia bariátrica é indicada para o paciente que tem diagnóstico de:

  • Obesidade grau II (IMC acima de 35) que apresente alguma doença associada a obesidade, entre elas diabetes tipo 2, hipertensão arterial, apneia do sono, esteatose hepática (gordura no fígado), dislipidemias (aumento do colesterol e/ou triglicerídeos) e outras, que não tenha tido sucesso após tratamento clínico e/ou medicamentoso
  • Obesidade grau III (IMC acima de 40) em que o paciente não obteve sucesso com o tratamento clínico e/ou medicamentoso, independente da presença de doenças associadas.

Técnicas e tipos de cirurgia para obesidade

As cirurgias para obesidade são classificadas pelo seu mecanismo no organismo, elas podem ser:

  • Restritivas: São procedimentos que diminuem a capacidade gástrica, ou seja, diminuem o tamanho do estômago e, consquentemente, diminui a quantidade de alimento que ele será capaz de armazenar induzindo assim a saciedade precoce.
  • Disabsortivas: São procedimentos que realizam desvio no intestino na intenção de diminuir a absorção dos alimentos a nível do intestino delgado mas que alteram pouco a capacidade gástrica.
  • Técnicas mistas: São as técnicas cirúrgicas onde além de causar restrição na capacidade gástrica também realiza-se o desvio intestinal causando diminuição da absorção.

Entre as cirurgias mais realizadas no Brasil estão Bypass Gástrico em Y de Roux (também conhecida por Bypass, Bypass Gástrico, Capella) e Gastrectomia Vertical (Sleeve).

Bypass Gástrico em Y de Roux

Apesar de parecer algo mais atual essa cirurgia foi proposta em 1960 e ao longo dos anos foi adaptado até chegar na técnica que é utilizada nos dias de hoje. A cirurgia envolve dois momentos importantes:

  • O processo restritivo: Onde confeccionamos o pouch gástrico ou, o que chamamos de “novo estômago”, que terá uma capacidade entre 30 a 50 ml, levando a uma saciedade precoce e fazendo com que o paciente reduza a quantidade de ingestão de alimentos e;
  • O processo disabsortivo: Onde confeccionamos o “Y de Roux”, uma técnica cirúrgica onde são realizadas duas ligações (anastomoses), uma entre o estômago e o intestino (gastroenteroanastomose) e outra entre o intestino com o próprio intestino (enteroenteroanastomose), fazendo com que haja uma diminuição da absorção dos carboidratos e gorduras e, com isso, a perda de peso. Realizamos esse desvio para excluir a primeira parte do intestino delgado que é onde acontece a absorção da gordura e carboidratos.

Além dos processos acima que são possíveis observar macroscopicamente, no interior de todas essas transformações, também estão acontecendo outras alterações intracelular, como a redução da grelina (também conhecido como o “hormônio da fome”) e aumento da produção do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1, que é responsável por estimular a secreção de insulina, retardar o esvaziamento do estômago e aumentar a saciedade).

Gastrectomia Vertical (Sleeve gástrico)

A técnica cirúrgica consiste em remover aproximadamente 80% do estômago do paciente, formando um novo estômago em forma de tubo com capacidade de 80-100ml. Atualmente sabe-se que essa técnica cirúrgica além de restritiva (ingestão menor de alimentos) também tem o componente hormonal com a diminuição da grelina (o “hormônio da fome”), levando a diminuição do apetite. Tem excelente eficácia para perda de penso e controle de comorbidades.

No início dos anos 2000, a gastrectomia vertical estava sendo realizada como o “primeiro tempo” de uma cirurgia programada em “dois tempos” para pacientes superobesos que possuem o IMC acima de 50.

Qual seria o intuito dessa cirurgia em dois tempos? Nos casos de paciente superobesos, era realizada a gastrectomia vertical, quando alcançava uma perda de peso pré-estabelecida e também diminuição do risco cirúrgico o paciente seria então submetido a cirurgia mista como o Bypass gástrico em Y de Roux, porém, foi observado resultados satisfatórios e a cirurgia atualmente é aceita como um procedimento único.

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