Definição
A obesidade é uma doença caracterizada pelo excesso de gordura corporal, ou seja, quando há um desequilíbrio entre as calorias que você ingere e as que você gasta. A obesidade tem causa multifatorial, entre eles estão a história familiar, genética e comportamental.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) mais de quatro milhões de pessoas morrem todos os anos por causas relacionadas ao sobrepeso ou obesidade, de acordo com estimativas de 2017.
A obesidade é uma doença que causa desordens metabólicas e inflamatórias no organismo e está associada a diversas comorbidades que podem aumentar a taxa de mortalidade, dentre as quais as doenças cardiovasculares, Diabetes Mellitus, alterações renais, hepáticas e câncer. Além disso, devemos lembrar que o excesso de peso também acarretará em doenças mecânicas como as osteoartrites, doenças osteomusculares, doenças respiratórias, refluxo gastroesofágico e outras. Devemos ressaltar que a obesidade também predispõe a doenças como esteatose hepática (gordura no fígado), apneia obstrutiva do sono, alterações do ciclo menstrual e até infertilidade.
Falando em obesidade, não podemos deixar de falar sobre a “síndrome metabólica” que nada mais é que um conjunto de sinais e sintomas que incluem a obesidade associado a elevação da pressão arterial, glicemia de jejum e dislipidemia (aumento triglicerídeos e redução do colesterol HDL). Esta síndrome está associada a um risco aumentado para eventos cardiovasculares e consequente aumento da morbi-mortalidade.
Dia Mundial da Obesidade
Devido ao aumento exponencial da obesidade nos últimos anos e, do grande risco de retrocedermos a expectativa de vida pelo consequente aumento da morbi-mortalidade, a Federação Mundial da Obesidade criou o “Dia Mundial da Obesidade”, dia 04 de março. O intuito desse dia é aumentar a conscientização para que hajam mudanças na forma como a obesidade é encarada pela sociedade, além de criar políticas para apoio ao paciente com este diagnóstico e um ambiente seguro para que esse paciente possa ser acolhido.
Indicações de tratamento cirúrgico
A cirurgia bariátrica é indicada para o paciente que tem diagnóstico de:
- Obesidade grau II (IMC acima de 35) que apresente alguma doença associada a obesidade, entre elas diabetes, hipertensão arterial, apneia do sono, esteatose hepática (gordura no fígado), dislipidemias (aumento do colesterol e/ou triglicerídeos) e outras, que não tenha tido sucesso após o tratamento clínico e/ou medicamentoso.
- Obesidade grau III (IMC acima de 40) em que o paciente não teve sucesso com o tratamento clínico e/ou medicamentoso, independente da presença de doenças associadas.
Técnicas e tipos de cirurgia para obesidade
As cirurgias para obesidade são classificadas pelo seu mecanismo no organismo, elas podem ser:
- Restritivas: São procedimentos que diminuem a capacidade gástrica, ou seja, diminuem o tamanho do estômago e, consquentemente, diminui a quantidade de alimento que ele será capaz de armazenar induzindo assim a saciedade precoce.
- Disabsortivas: São procedimentos que realizam desvio no intestino na intenção de diminuir a absorção dos alimentos a nível do intestino delgado mas que alteram pouco a capacidade gástrica.
- Técnicas mistas: São as técnicas cirúrgicas onde além de causar restrição na capacidade gástrica também realiza-se o desvio intestinal causando diminuição da absorção.
Entre as cirurgias mais realizadas no Brasil estão Bypass Gástrico em Y de Roux (também conhecida por Bypass, Bypass Gástrico, Capella) e Gastrectomia Vertical (Sleeve).
Bypass Gástrico em Y de Roux
Apesar de parecer algo mais atual essa cirurgia foi proposta em 1960 e ao longo dos anos foi adaptado até chegar na técnica que é utilizada nos dias de hoje. A cirurgia envolve dois momentos importantes:
- O processo restritivo: Onde confeccionamos o pouch gástrico ou, o que chamamos de “novo estômago”, que terá uma capacidade entre 30 a 50 ml, levando a uma saciedade precoce e fazendo com que o paciente reduza a quantidade de ingestão de alimentos e;
- O processo disabsortivo: Onde confeccionamos o “Y de Roux”, uma técnica cirúrgica onde são realizadas duas ligações (anastomoses), uma entre o estômago e o intestino (gastroenteroanastomose) e outra entre o intestino com o próprio intestino (enteroenteroanastomose), fazendo com que haja uma diminuição da absorção dos carboidratos e gorduras e, com isso, a perda de peso. Realizamos esse desvio para excluir a primeira parte do intestino delgado que é onde acontece a absorção da gordura e carboidratos.
Além dos processos acima que são possíveis observar macroscopicamente, no interior de todas essas transformações, também estão acontecendo outras alterações intracelular, como a redução da grelina (também conhecido como o “hormônio da fome”) e aumento da produção do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1, que é responsável por estimular a secreção de insulina, retardar o esvaziamento do estômago e aumentar a saciedade).
Gastrectomia Vertical (Sleeve gástrico)
A técnica cirúrgica consiste em remover aproximadamente 80% do estômago do paciente, formando um novo estômago em forma de tubo com capacidade de 80-100ml. Atualmente sabe-se que essa técnica cirúrgica além de restritiva (ingestão menor de alimentos) também tem o componente hormonal com a diminuição da grelina (o “hormônio da fome”), levando a diminuição do apetite. Tem excelente eficácia para perda de penso e controle de comorbidades.
No início dos anos 2000, a gastrectomia vertical estava sendo realizada como o “primeiro tempo” de uma cirurgia programada em “dois tempos” para pacientes superobesos que possuem o IMC acima de 50.
Qual seria o intuito dessa cirurgia em dois tempos? Em casos de paciente superobesos, era realizada a gastrectomia vertical, quando alcançava uma perda de peso pré-estabelecida e também diminuição do risco cirúrgico o paciente seria então submetido a cirurgia mista como o Bypass gástrico em Y de Roux, porém, foi observado resultados satisfatórios e a cirurgia atualmente é aceita como um procedimento único.